RENATA BELLO
Publicada na segunda-feira, 24 de junho de 2013
A charge acima insere os políticos em um evento de stand up comedy, este tipo de evento originalmente americano refere-se a um espetáculo de humor, geralmente feito apenas por uma pessoa em pé, sem a necessidade de cenários ou caracterização de personagens. O comediante de “cara limpa”, procura abordar temas atuais, de conhecimento popular, assuntos que fazem parte do cotidiano das pessoas.
O desenho mostra um político no lugar do comediante falando a frase “A presidenta ouviu a voz das ruas e irá triplicar a verba para saúde e educação..” expondo o pouco caso que os parlamentares, em especial a presidente da república, fazem das reivindicações que ouvem nas ruas.
A crise política vivida no governo federal nesta época mostra que apesar da presidente Dilma ser detentora do máximo grau de poder dentro da república brasileira e que seu discurso deveria ser levado a sério, ao mostrar os políticos rindo, o chargista nos leva a crer que a fala dela não passou de uma tentativa de apaziguar os ânimos dos manifestantes, que ficaram ainda mais exaltados a partir da segunda quinzena do mês de junho, como consequência da eclosão de manifestações tomando todas as capitais do Brasil. A charge reforça a ideia de que fazer politica é criar promessas e não cumpri-las (memoria discursiva), neste caso do desenho, mostra que a fala da presidente Dilma tinha a única intenção de tentar conter os manifestantes.
Apesar de vivermos um estado democrático, tendo o direito de reivindicar o que achamos necessários e propormos mudanças, a simbologia presente no desenho acima mostra que isso não nos garante sermos levados a sério.
A sinalização de stand up comedy contida no canto superior esquerdo fez toda a diferença para a construção de sentido da charge quando o leitor possui conhecimento prévio do que se trata o stand up comedy. A sinalização nos fornece embasamento suficiente para o sentido da fala do político. Caso ela não existisse, não seria possível interpretar a charge como tal.
Publicada no sábado, 8 de junho de 2013
O discurso da charge ocorre com o diálogo entre os dois jovens, fazendo alusão a uma parte da população presente nos protestos que se iniciaram em São Paulo. Em sua maioria eram manifestantes com idade igual ou inferior a 30 anos, que com o passar dos dias foram caracterizados por não saberem ao certo o que estavam fazendo, nem o porque estavam fazendo, sendo esses jovens em sua maioria de famílias abastardas.
As manifestações de junho de 2013 ficaram populares em todo o país por reunir diversos grupos sociais, o que se iniciou com um manifesto contra o aumento das passagens de ônibus, tomou outras proporções. A população passou a perceber que só isso não era suficiente e começou a reivindicar outros direitos, o que ao poucos agregou ainda mais pessoas, independente de classe social, todos eram uma só voz.
Devido ao constante crescimento que se deu, é comum e inevitável o aparecimento de alguns que estão ali para promover a si próprio e ainda aqueles que vão com a maioria sem se questionar, apenas se deixando levar pelo que a maioria dizia, esquecendo de refletir sobre as atitudes que estavam tendo e sobre de qual lado ele está e que tipo de vida ele leva fora dali.
Os jovens retratados nas charges fazem parte do grupo que fugiu do foco principal das manifestações, que não tem um ideal, mas que nem por isso querem ficar de fora. Para eles se a maioria está fazendo é porque parece ser legal. Esse tipo de jovem apesar de ter na ponta da língua um discurso revolucionário,não abrem de certos confortos que os recursos de sua família, em especial seus pais, lhe proporcionam. Em sua maioria nem sequer se lembra em quem votou na ultima eleição, ou se lembra, não acompanhou o mandato do político, não cobrou o que ele prometeu em campanha, mas estão sempre prontos para falar o quanto o país precisa de uma reforma política e o quão cheios estão de tanta corrupção, porém nunca se questionaram ao a origem do seu próprio patrimônio.
O jovem desenhado com um fósforo na mão usa uma camisa com o “A” de anarquista, ao mesmo tempo que trata seu ato de vandalismo como uma forma de protesto, ele usa uma boina, que originalmente era usada por militares, mas hoje em dia muitos burgueses pseudos-intelectuais (memória discursiva) fazem uso dela.
A charge não busca criminalizar os movimentos sociais ou generalizar todos os cidadãos que participaram das manifestações, nem julgar alguém por ter nascido numa classe media ou classe alta. Isso não o impede de lutar por um pais melhor, mas mostra a ironia que é o fato de que a maioria não sabe qual deveria ser seu principal papel neste movimento.
Publicada na quinta-feira, 13 de junho de 2013
De acordo com o contexto histórico a idade da pedra foi um período em que o homem passou a utilizar-se da pedra e outros materiais, como ossos e madeira para construir as ferramentas necessárias que garantiram sua sobrevivência, permitindo assim que o homem melhorasse sua vida em sociedade.
De fato que essa época representa um período significativo na história da humanidade, transformando a produção dos bens de produção em algo coletivo, o que ajudou a ser criado pequenos grupos sociais divididos por interesses em comum, ajudando-o a fortalecer sua caça, pesca e a proteção de todos, tanto no trabalho quanto no lar, onde as mulheres cuidavam dos filhos e da casa.
Nesta charge é comparado este período com o que podemos ve em algumas manifestações, onde alguns vândalos se infiltraram apenas com o intuito de depredar o patrimônio público, lojas, bancos, etc., deixando de lado o real sentido da luta.
Ao verificarmos a posição que cada homem se encontra e de que forma ele usa a pedra em cada uma das circunstâncias, comparamos como na primeira situação ele a usa ao seu favor, preocupado em criar algo que atenda as suas necessidades básicas e na segunda situação, usando a pedra como uma arma para quebrar vidraças, atacar policiais ou outros manifestantes que tentem contê-lo, deixando rastros de destruição por onde passam.
O homem vândalo (posição sujeito) se infiltra em manifestações legítimas, pacíficas para quebrar, depredar , destruir, danificar patrimônios públicos, colocando em risco a sua integridade física e de todos que ali estão. Eles justificam seus atos manifestando-se contra os efeitos do capitalismo na sociedade de massas, o que eles não levam em consideração quando praticam tais atos, é que de certa forma os prejuízos são pagos por nós mesmos através dos exorbitantes impostos. Além disso eles acabaram afastando quem queria protestar pacificamente, o que acabou por fazer o movimento perder a força e ter de volta o rótulo que lhes foi dado no início dos protestos, de que se tratava de baderneiros que queriam apenas propagar a violência.
Publicada no sábado, 22 de junho de 2013
A charge mostra um grande número de pessoas organizadas de forma que formam a frase “decifra-me ou te devoro” que remete ao contexto histórico do desafio da Esfinge de Tebas presente na mitologia grega. A Esfinge possuía cabeça de mulher, corpo de leão e asas de águia. Esta era a frase que a mesma proferia a todo viajante que dela se aproximava. Caso o viajante não respondesse ao seguinte enigma: “Que animal caminha com quatro pés pela manhã, dois ao meio-dia e três à tarde e é mais fraco quando tem mais pernas?”. Para sua surpresa, Édipo, filho de Tebas respondeu corretamente ao enigma quando disse “O ser humano! Pois ele engatinha quando pequeno, anda com as duas pernas quando é adulto e usa bengala na velhice.” Com isso a Esfinge jogou-se num abismo e Édipo recebeu o Reino de Tebas e a mão da rainha enviuvada, sua própria mãe como prêmio.
Inserida no contexto atual que busca retratar a charge usa um aglomerado de pessoas que representam os movimentos sociais espalhados pelo país, formando a frase para mostrar que essa é uma reivindicação de todo o povo em relação as respostas que estavam tendo às manifestações, mostrando que eles querem ser ouvidas e atendidas, caso contrário as manifestações continuarão. Como eles mesmos afirmaram, não é apenas por 0,20 centavos, é por muito mais e cabe então aos parlamentares políticos saberem compreender e solucionar os problemas sociais existentes.
Publicada na sexta-feira, 21 de junho de 2013
A charge mostra a presidente Dilma ao lado do prefeito do governador de São Paulo (Fernando Haaddad e Geraldo Alckmin) observando a vinda dos manifestantes em sua direção, pela sua linguagem corporal e as bandeiras que carregam, cada um propõe que a bandeira que carrega é a mesma dos manifestantes, de modo que eles esperam que as pessoas se identifiquem com ela e aceitem algum desses políticos como aliados.
Os manifestantes estão representados todos da mesma cor, mostrando que eles lutam todos por um mesmo ideal, todos munidos de cartazes de diferentes tamanhos, remetendo as diversas expressões que foram usadas durante as manifestações nos cartazes. As pessoas marcham de forma apressada o que aflige os políticos que ali perto estão, enquanto os manifestantes não se sentem intimidados por eles e ao contrário do que os 3 esperavam, são ignorados pela massa e atropelados por elas.
Isso mostra a vontade daquelas pessoas de serem lideradas por um novo tipo de governo, os três políticos são deixados sozinhos porque as pessoas não se sentem mais representadas por eles e não estão mais dispostas a ouvir as mesmas promessas de sempre (linguagem discursiva).
Os manifestantes marcham em direção a mudança, marcham e expõe seus cartazes em busca de algo melhor e a charge mostra que este objetivo que a sociedade busca alcançar está em sentido oposto aquele dos políticos que estão no poder.
Publicada na quarta-feira, 26 de junho de 2013
Na charge acima o chargista mostra todo o parlamento com fones de ouvido. De acordo com nossa memória discursiva, isso nos remete a um isolamento causado pela acústica do objeto, que isola qualquer som exterior. Proporcionando uma audição privada. A frase contida na imagem faz possível a interpretação correta do momento em que a charge se refere, através da frase “A voz das ruas – modo mudo” podemos compreender o que está sendo ignorado pelo parlamento. Inserindo esse objeto no contexto das manifestações de junho, percebemos que os políticos da figura tentam ignorar quaisquer discurso dos manifestantes que ali tentavam fazer valer seu direito democrático de reivindicar, sendo a liberdade de expressão sua unica ferramenta possível. A posição dos políticos mostram como eles estão ignorando o que acontece do lado de fora, alguns de braços cruzados, enquanto outros parecem bem confortáveis sentados, em sua maioria eles aparentam esta com o pensamento em outro local, que não ali. Mostrando que os governantes são efetivamente cegos e surdos para os governados.